12.10.2009

Ode doméstica

O nome? Maria Clara. Mas de Maria Imaculada, a Clara não tinha nada. Nem de Clara a Maria tinha cara.
De claro, só o osso. O osso é história comprida...
Um dia, a Clara encheu a cara e pôs em prática a velha tara. Sentou na cama, seminua. No quarto, a luz gélida da lua. Clara Maria era só alegria. Olhou pro braço. Braço fino, braço de lavá roupa. Tomou a navalha. Navalha no braço de Maria Clara.
Mas de claro, só o osso.
O osso era a obsessão da pobre franzina. Tomou a navalha, riu pra janela e meteu no braço dela.
A lua tava toda tesuda, encarando na cara a Maria Clara desnuda.
Raspou a carne toda. Raspou o osso. Fez farofa. E ria, e ria e cantava. Maria era só alegria!
Era o fim! Findava já! Amanhã bem cedinho, o patrão ia esperá!