4.13.2011

Dora

Lembro do vestido florido, que eu amarrava em suas costas.
Que cheiro tem o seu vestido, minha Dora?
Lembro do cabelinho miúdo a escorrer pelos olhos feito lágrima encolhida.
Que perfume ele tem, minha Dora?
Talvez a única que um dia me amara, amor transmutado em açucar na mamadeira.
Que florzinhas tem no seu vestido, minha Dora?
Que perfume tem os seus cabelos? Aqueles fios pequenos, minguados. Que cheiro eles tem?
Ah minha Dora poder te ver de novo que alívio seria...
Dar um laço em seu vestido.
Azul, talvez ele fosse. De um pano bom, suave no toque.
Deixa eu cheirar seus cabelos e te passar o batom. Rosa bem claro.
Talvez a única que um dia me amara, quietinha, em silêncio, silêncio no cabelinho ralo.
Segura minha mão Dora, vê como ela cresceu...
Mas me receba ainda em seu quarto, perto das flores, para que eu dê o laço no seu vestido, florido, azul, em suas costas.




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